segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

I - VERDADES

Toda verdade a que nos atemos é uma invenção humana e todos nós somos inventores e cobaias simultaneamente. Sendo assim, verdades existem. São formas de justificar nossa existência e valorizar nossas práticas nos mundos exterior e interior aos quais pertencemos. O que deve ser ressaltado é que nenhuma verdade referente à nossa realidade é em si, unânime nem eterna. Por mais que conceitos sejam abarcados por uma grande massa, eles só acontecem de fato no interior de cada indivíduo que dele compartilha. É preciso que a experiência ou vivência deste conceito ocorra individualmente em cada membro desta massa. Cada um escolhe aquilo em que acredita e segue. Dessa forma é que percebemos um mundo repleto de diversidades, as quais frequentemente denominamos cultura.
A cultura é, sem dúvida, o maior fomentador de verdades em nós. Uma cultura é formada por uma série de costumes e valores, dentre os quais encontramos a moral.
Para que um grupo possa conviver, a moral - embora repressora de estímulos individuais - é essencial. É ela quem dita os bons e maus comportamentos individuais e muitas vezes nos impõe o que é verdadeiro ou não, em nome de uma estabilidade social. Essa imposição não garante à verdade uma solidez. Ela só existirá se o indivíduo abraçá-la, tornando-a sua. E o fato de fazê-lo se dará por conveniência. Prova é, que a quebra de regras morais de uma sociedade é quase tão presente quanto à observação das mesmas.
Não é segredo que conveniências são temporárias. Assim, as verdades são igualmente perecíveis. Elas carecem de sentido para existir. Porque fazer da vida após a morte uma verdade? Sem um sentido para acreditar, essa verdade que alguns acolhem se anula. Torna-se inconveniente. Em contrapartida, quanto mais nos aproximamos deste sentido, mais a verdade se afasta de nós, até esgotar-se e ceder seu lugar a novas verdades. Por quê? Simples! Toda verdade carece de sua dúvida. Carece de busca pelo seu sentido. Isso pelo simples fato de ser uma invenção temporal-satisfatória incapaz de atingir a todos. A dúvida sempre impera como forma de afirmar-se. Encontrar na íntegra o sentido de uma verdade é desfazer-se dela por exaustão de motivo, colocando-se acima dela, e nada pode se colocar em tal posição. Verdades são deusas que não podem ser vistas para que os servos não lhe percam o interesse. Afinal, invariavelmente elas são repletas de abominações humanas.
Para elucidar meu pensamento, proponho a seguinte questão: Deus, em suas varáveis humanas, é uma verdade individual e de massa. A existência desta verdade está condicionada ao sentido que ela nos proporciona. Se eu provar a todos de forma inequívoca que ele existe, poderei então recriá-lo pelo simples fato de desvendar seu mecanismo e me colocarei acima dele então. Assim, o sentido que sua verdade em mim representa termina e precisarei buscar uma espécie de Deus de Deus pra que eu mesmo tenha sentido. Em outras palavras, provar que DEUS existe, seria o mesmo que provar que ele não existe. Que não é verdade. Afinal, se posso prová-lo, exaurir o seu sentido, faço dele uma simples invenção. Retiro-o da condição de ideia rebaixando-o à coisa. As coisas se provam. Nas ideias apenas se acredita ou não. Faz-se delas verdades, ou não.
Agora vem o cerne de toda questão. O contraditório de tudo. Isso reside no fato de imaginar que sejam lá quais forem as verdades individuais que cada uma das bilhões de pessoas carregam consigo, e toda a evolução destas verdades. Tudo isso partiu de um ponto. Logo, é razoável demais pensar que existe uma verdade primeira, da qual nos afastamos a cada segundo para criar as nossas e acatar outras dentro de uma conveniência. Em meu pensamento atribuo esta verdade una que certamente existe e é fonte de toda diversidade a DEUS, que como exposto anteriormente, não se prova nem se aproxima pela simplicidade de ser a única verdade não criada. Neste ponto é preciso ressaltar DEUS fora de qualquer culto religioso. As religiões são inventadas por nós para qualquer conveniência. A verdade de DEUS é e sempre será inatingível em si. Só ela teria a competência de nos agrupar em uma só definição: Criaturas.
Outro ponto a ressaltar, é que o inatingível de DEUS esbarra na fé, ou seja. Apesar de indecifrável, a fé é o único mecanismo capaz de nos remontar à distâncias mais próximas da verdade primeira. Mas lembre-se: Próxima, jamais nela em si.
Em outro tópico, abordarei a minha verdade conveniente DEUS à luz de outras verdades que acatei para construção da minha fé.